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sábado, 27 de abril de 2013

Horror absoluto: o genocídio silencioso


HEITOR DE PAOLA
Cesse tudo o que a antiga 
Musa canta
Que um horror mais alto se alevanta

Paródia de Camões
Um velho ditado diz que os mortos terão sua vingança. Haverá sangue, dizem. O sangue dos mortos será o sangue da vingança. Sabe-se que algumas lápides já se movem e as árvores falam para trazer os culpados à justiça. Os astutos assassinos foram expostos pelos místicos presságios nos sinais dos abutres e das gralhas.Shakespeare, "Macbeth," Ato 3, Sena 4. (1)

Crianças decapitadas, corpos cortados e acondicionados em jarras, algumas nascidas vivas de uma tentativa de aborto. Campos de concentração nazistas? Gulags? Coréia do Norte? Não, não estou falando de horrores do passado nem de países totalitários. Falo do que vem ocorrendo no país mais desenvolvido do planeta, os Estados Unidos da América (2) e suas ‘Casas da Morte’, clínicas abortistas perfeitamente legais. Você nunca ouviu falar sobre isto? Não é sua culpa. A mídia está evitando falar destes horrores desde o início do julgamento por assassinato do abortista Dr. (?) Kermit Gosnell, da clínica Women’s Medical Society de Philadelphia, Pennsylvania.  
Já fiz posts em meu blog citando um estudo da revista Journal of Medical Ethics e a posição da organização abortista Planned Parenthood. O assassinato de bebês já fora do útero é defendido com o argumento de que ‘se a mãe queria abortar e o aborto falhou e o bebê nasceu vivo, é seu direito decidir, junto com seu médico e o plano de saúde, se o bebê deve sobreviver ou ser sacrificado’.
É exatamente atrás deste eufemismo de ‘direito da mulher’ que se esconde o maior, mais cruel, sórdido e covarde genocídio da história humana: o genocídio oculto dos abortos. Leio no Mídia sem Máscara que só na China, entre 1971 e 2010, 336 milhões de crianças foram abortadas, 196 milhões de esterilizações foram realizadas e inseridos 403 milhões de dispositivos intra-uterinos. Claro, com a outra deslavada desculpa malthusiana de controle populacional.
O horror dos horrores!
Durante este julgamento, uma testemunha, a médica assistente Kareema Cross, que trabalhou na clínica por quatro anos e meio, relatou diversos casos de bebês nascidos vivos terem suas nucas cortadas seccionando a medula. Um dos casos é o mais chocante de todos. A seguir o relato da testemunha:

(Perguntas da Promotora Joanne Pescatore): ‘Você viu alguns destes bebes se mexendo?’
R – ‘Sim, e uma destas vezes no vaso sanitário. O bebê estava como que “nadando”, basicamente tentando sair e se salvar. Então Adrienne Moton, empregada da clínica pegou o bebê e cortou a sua nuca enquanto a mãe ainda estava na sala’
Outro caso relatado:
R – ‘Shayquana Abrams e cegou à clínica em julho de 2008 grávida e enorme. Quando o bebê nasceu ela dormia. Como o bebê nasceu vivo, o Dr. Gosnell colocou-o num saco plástico do tamanho de uma caixa de sapatos. Como ele era muito grande, nunca tinha visto um tão grande, seus pés e braços saíam para fora do saco’.
P- ‘O bebê ainda respirava?’
R – Sim, o Dr. o cortou sua nuca imediatamente, mas não fez sucção para extrair o cérebro – normalmente o Dr. Gosnell não succiona. Eu chamei pessoas para ver e fotografar. O bebê aninhou-se em posição fetal e deitou de lado. Eu deveria levá-lo para o freezer, mas o zelador reclamou e ele ainda estava lá no dia seguinte. O Dr. Gosnell disse, irônico, que o bebê era tão grande que poderia ir ao ponto ônibus ou fazer compras sozinho’.
Cross acrescentou ter visto pelo menos dez bebês ainda vivos e respirando ter sua espinha dorsal cortada pelo Dr. Gosnell.
O julgamento de Gosnell, de 72 anos, na Corte de Philadelphia já está na sua quinta semana. Ele é acusado por sete assassinatos de primeiro grau (sete bebês), a morte de uma mãe em terceiro grau (Karnamaya Mongar, refugiada butanesa de 41 anos, que morreu de uma monstruosa overdose de drogas causada por negligência) e também por infanticídio, conspiração, aborto com mais de 24 semanas (limite pela lei da Pennsylvania), abuso de um cadáver, corrupção de menores e outras ofensas.
Os cúmplices do morticínio
1 - O silêncio cretino da mídia
O presidente do Media Research Center e outros líderes assinaram uma carta pedindo que as redes de TV e jornais parassem de censurar a cobertura do julgamento. A ABC, uma empresa Disney, fez um verdadeiroblackout em seus programas principais (Good Morning America e World News). A NBC fez apenas uma pergunta durante uma entrevista com Obama no programa Today de 17 de abril, à qual ele saiu pela tangente. Só a CBS noticiou a história no This Morning do dia 15 de abril, mas desde então nada mais. A Promotoria terminou a acusação no dia 18, e a defesa, por decisão do réu, não apresentou nenhuma testemunha, sem uma simples menção ao fato em nenhum programa. Esperam-se as alegações finais para o próximo dia 28/04. Obviamente, a mídia esquerdista não quer que estas notícias apareçam; assim não expõem ao público americano às horrorosas e horripilantes práticas abortistas. Isto poderia despertar o senso de decência do povo americano e levar ao fim destas práticas. Mas isto seria a oposição a tudo o que deseja a mídia.
Jornalistas conservadores e pró-vida cobriram o horripilante caso desde a prisão de Gosnell mais de dois anos atrás. Através das redes sociais conseguiram divulgar notícias verdadeiras sobre este festim diabólico. Mas a mídia mainstream deu preferência às notícias de outros crimes, publicou as velhas acusações da ‘guerra do Partido Republicano contra as mulheres’, tornaram a incansável cruzadista pelo controle populacional, Sandra Fluke, numa verdadeira Florence Nightingale. Apelaram com fotos das crianças assassinadas na escola de Sandy Hook, ignorando as mais indefesas vitimadas por Gosnell.
Conor Friedersdorf do esquerdista Atlantic admitiu finalmente: ‘isto deveria ser reportagem de primeira página’.Após incansável campanha pró-vida pelo Twitter o New York Times relutantemente mandou um repórter ao julgamento. Mas, acrescenta Michelle Malkin, isto é muito mais do ‘que media-malpractice’. Na verdade é um pesadelo em conseqüência de malpractice (3) médica e ideológica.
Uma pesquisa Lexis-Nexis (4) mostra que nenhuma das três redes principais de TV tinha publicado qualquer informação referente ao julgamento nos últimos três meses. A única exceção foi a jornalista do Wall Street Journal, Peggy Nonan, que conseguiu roubar um segmento do Meet the Press.
Mas não só a mídia tem interesse em sepultar as notícias junto com as pequenas vítimas.
2- As poderosas organizações abortistas e os órgãos de fiscalização
Planned Parenthood diz agora que está ‘chocada’ com os horrores da casa da morte de Philadelphia. A espantosa inação da maior provedora de abortos da Nação, juntamente com outras clínicas e grupos ‘pro-choice’ (pelo ‘direito de escolher’), fala muito mais alto do que suas palavras já atrasadas no tempo, como bem destaca Michelle Malkin (5). Acrescentem-se clínicas abortistas em Virginia e Washington, D.C. e os ativistas religiosos de esquerda e comunidades de imigrantes que ‘dão assistência’ aos refugiados a preços accessíveis usando fundos governamentais para ‘serviços de saúde reprodutiva’, isto é, ‘moedoras de fetos’. As ‘pacientes’, inclusive adolescentes, são ‘tratadas’ por pessoal incompetente sem qualificação profissional. Foram relatados vários casos de perfuração uterina e intestinal.
O Grande Júri da Pennsylvania concluiu que ‘os inspetores governamentais, ao concederem licença para Gosnell, praticamente se tornaram seus cúmplices no comportamento criminoso’. As autoridades do Departamento de Estado da Pennsylvania receberam inúmeras denúncias da ‘clínica’, incluindo sujeira, más condições de esterilização, instrumentos cirúrgicos sem assepsia, funcionários sem licença, sedação sem assistência, aborto em adolescente abaixo da idade mínima e super prescrição de analgésicos – e repetidamente optaram por nada fazer!
Como Michelle Malkin já havia denunciado em 2011, os médicos de hospitais vizinhos que diversas vezes atenderam mães com graves complicações pós-aborto no ‘açougue’ do Dr. Gosnell, nada fizeram. Inspetores da National Abortion Federation, que alega seguir rígidas normas de fiscalização declararam que a câmara de horrores do Dr. Gosnell é ‘a pior clínica de aborto de todas as inspecionadas’ – mas nada fez!
O Grande Júri também revelou que os burocratas da administração republicana do governador Tom Ridge concluíram que o aumento de inspeção poderia ‘criar uma barreira para o direito das mulheres que buscam aborto e é melhor deixar as clínicas fazerem o que quiserem’! Quanta grana não estará rolando das verbas governamentais para financiamento de abortistas para as mãos dos ‘inspetores’?
Malkin finaliza dizendo que esta indiferença não é exceção, como alegam alguns, mas ‘o âmago da existência da indústria abortista’!
3 – Barack Hussein Obama
Alan Keyes (ver nota 1) informa que Obama, quando senador no Illinois, se opôs a uma lei que garantia que as crianças que nascessem vivas de uma tentativa de abortá-las teriam os mesmos cuidados de saúde que as demais, nascidas normalmente. Como resultado de suas atitudes ‘eu (Keyes) e outros notamos que ele contemplava um infanticídio, ao invés de retroceder um mínimo de seu apoio fanático aos assim chamados direitos de aborto’. Como o dia da votação da lei se aproximava, Obama maliciosamente evitava declarar sua opinião, advogando pela ‘competência da classe médica’ e sugerindo que a lei poria em dúvida o profissionalismo dos médicos:

Essencialmente eu penso... que a única razão plausível para esta legislação seria se houvesse uma suspeita de que um médico que fez a avaliação do caso e decidiu que o feto não é viável ou que a saúde da mãe está em jogo saberá o que fazer. Se tiver errado e o feto era viável, o médico não deveria tomar medidas médicas para salvar a criança. Se alguém achar que seja possível fazer isto, então talvez esta lei fizesse sentido.
Mais surpreendente era que Obama estava insensível sobre a pena de morte para bebês que sobrevivessem aos ‘cuidados’ do médico escolhido para assassiná-lo.
Citando também o silêncio da mídia, Keyes afirma que ele existe porque as pessoas têm culpa e vergonha do que fazem, do contrário divulgariam ao máximo as peripécias assassinas do Dr. Gosnell.

Por que escrevi este artigo?
Porque penso que é necessário despertar a indignação contra estes atos criminosos! Porque creio que existem muitas pessoas que, embora não apóiem, encontram-se mesmerizadas pela apresentação dos assassinatos como ‘direitos das mulheres’ e que podem mudar de idéia. Porque é necessário que se diga explicitamente que a descriminalização do aborto até 12 semanas é apenas um pretexto para mais tarde estender o tempo e aprovar qualquer aborto. Porque este pretexto serve apenas para desensibilizar as pessoas para chegarmos a açougues como o Dr. Gosnell e da Planned Parenthood. Porque, como se diz lá na minha terra, porteira por onde passa boi, passa boiada e, aceitando agora a tese ‘racional’ do 'direito das mulheres', segundo uma esdrúxula argumentação eivada de mentiras, em breve estaremos assistindo às tortuosas expansões de tais ‘direitos’, como já se faz nos EUA com as falhas de aborto. Porque bebês e fetos estão sendo guardados em freezers, e para quê? Não será para planos de manipulação genética mais terríveis ainda? Porque, finalmente, estes seres indefesos precisam de quem os defendam dos desatinados assassinos. 

Notas:


Citado por Alan Keyes em Dr. Gosnell and Obamas heart of Stone. Tradução livre da versão em Inglês atual (as duas versões podem ser comparadas em http://nfs.sparknotes.com/macbeth/page_118.html).
2 Alguém poderá mostrar a incoerência entre o que eu defendi em A Excepcionalidade Americana e o que falo aqui. Devo lembrar, porém que nem o bem nem o mal estão isolados, ambos vêm juntos e se os EUA são um país baseado no Cristianismo, não espanta que o germe destrutivo do anti-cristianismo esteja lá, até mais desenvolvido do que em outros lugares porque enfrenta uma resistência maior.
3 Malpractice significa negligência, mas é amplamente usado para erros médicos em geral, por incompetência, negligência ou falha ética. No caso é usado por Malkin para significar negligência criminosa.
4 LexisNexis Group é um provedor de serviços legais de pesquisa de documentos legais e jornalísticos em computadores. Em 2006 a empresa já tinha o maior banco de dados eletrônicos para informação públicas e jurídicas.
5 Death Doc Kermit Gosnell’s Co-Conspirators - Deadly indifference to protecting life is at the core of the abortion industry.

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